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Ozônio

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Recentemente, o governo federal sancionou a  Lei nº 14.648/23, contra tudo e contra todos, onde é autorizado a ozonioterapia no território nacional como terapia complementar. 

Mas afinal de contas, o que é a ozonioterapia? Tem embasamento científico? É seguro? Tem algum benefício?  

Olá pessoal, meu nome é Diogo Kalil, sou médico cardiologista e minha missão é te ajudar a ter uma saúde do coração melhor, hoje você vai entender tudo sobre essa terapia complementar a base de ozônio.

Não quero entrar nessa questões de políticas, mas vamos discutir com embasamento científico se a ozonioterapia traz benefícios para você ou não, trazendo dados e provas, além do posicionamento dos órgãos regulamentadores.

O QUE É OZONOTERAPIA? 

A ozonioterapia é uma prática médica alternativa que envolve a administração de ozônio ao corpo humano com o objetivo de tratar diversas condições de saúde.

E pra entender melhor sobre essa terapia complementar, é importante entender.

O QUE É O OZÔNIO? 

O ozônio é uma forma de oxigênio composta por três átomos de oxigênio, em contraste com o oxigênio comum, que possui apenas dois átomos. 

O ozônio é um gás muito oxidante que reage com as substâncias e promove a formação de radicais livres e outras substâncias e tem grande potencial de matar bactérias. 

Inclusive, ele é utilizado para esterilizar equipamentos em clínicas odontológicas. 

DESDE QUANDO A OZONIOTERAPIA EXISTE? 

A ozonioterapia tem uma história que remonta ao final do século XIX. O ozônio foi descoberto pelo cientista alemão Christian Friedrich Schönbein em 1840. No entanto, a aplicação do ozônio com fins. terapêuticos começou a ser explorada posteriormente, no início do século XX. 

A ozonioterapia foi inicialmente utilizada para tratar infecções e melhorar a oxigenação dos tecidos. Durante a Primeira Guerra Mundial, a ozonioterapia foi usada como um método de desinfecção e tratamento de feridas em soldados feridos.  

Nos anos subsequentes, a prática ganhou algum interesse, especialmente na Europa. 

QUEM INVENTOU A OZONIOTERAPIA? 

Como dito, quem descobriu o ozônio foi o cientista Christian Friedrich, no entanto, alguns médicos e pesquisadores têm desempenhado papéis importantes na evolução da ozonioterapia ao longo do tempo, como por exemplo: 

O médico italiano Eugenio Tisselli que desenvolveu técnicas e protocolos para a aplicação de ozônio em pacientes, especialmente para o tratamento de doenças circulatórias. 

Outro médico envolvido na pesquisa foi o Hans Wolff, também alemão, que contribuiu para o desenvolvimento da ozonioterapia na década de 1950. Ele investigou os efeitos do ozônio na circulação sanguínea e desenvolveu abordagens para seu uso clínico. 

E também teve uma médica cubana chamada Silvia Menéndez, que contribuiu para estabelecer a ozonioterapia como uma abordagem terapêutica em Cuba.

Além de outros pesquisadores que tiverem um impacto menor na busca de comprovar a ozonioterapia como método de tratamento eficaz. 

COMO O TRATAMENTO DE OZONIOTERAPIA SERIA FEITO? 

A ozonioterapia pode ser aplicada de maneiras diferentes, de acordo com o objetivo do tratamento. 

O primeiro método de aplicação é através de injeções de ozônio,nesse método, uma mistura de oxigênio e ozônio é injetada diretamente no corpo, muitas vezes em áreas específicas onde há dor ou inflamação. 

O segundo é a insuflação retal de ozônio, que envolve a introdução de uma mistura de ozônio e oxigênio no reto, a justificativa é que o ozônio absorvido pelo revestimento do reto poderia ter efeitos benéficos no corpo. 

O terceiro método é a auto-hemoterapia, onde uma pequena quantidade de sangue é retirada do paciente, misturada com uma dose controlada de ozônio e, em seguida, inserida no corpo. 

O quarto método é chamado Ozônio Tópico, onde o ozônio é aplicado topicamente, como por exemplo, em forma de óleo ozonizado, para tratar feridas, infecções cutâneas ou inflamações. 

QUAIS OS ALEGADOS BENEFÍCIOS DA OZONIOTERAPIA? 

Alguns estudos sugerem benefícios potenciais da ozonioterapia em determinadas situações, enquanto outros não encontraram evidências sólidas para apoiar seu uso, inclusive há muitas controvérsias sobre as pesquisas nesse tema. 

De maneira geral, alguns estudos indicaram que a ozonioterapia pode proporcionar alívio temporário da dor em casos de dor lombar crônica, mas vale ressaltar que os resultados são inconsistentes e mais pesquisas são necessárias para estabelecer sua eficácia a longo prazo. 

Além disso, a aplicação tópica de ozônio, como óleo ozonizado, tem sido estudada para o tratamento de feridas e infecções cutâneas, alguns estudos sugerem que pode ter efeitos positivos na cicatrização de feridas, mas mais uma vez, os resultados variam. 

Outros estudos exploraram a capacidade do ozônio de inativar vírus, bactérias e fungos in vitro. No entanto, a aplicação desses resultados in vitro à prática clínica é complexa e requer mais investigação. 

E por último, há algumas evidências preliminares de que a ozonioterapia pode melhorar a circulação sanguínea e a oxigenação dos tecidos em certos contextos, ajudando assim no tratamento de doenças circulatórias, mas os resultados ainda não são conclusivos. 

Além de diversas outras pesquisas que procuram provar a eficácia para o tratamento de outras doenças.

Mas como dito, existe um padrão em todas as pesquisas feitas que é extremamente preocupante, que vamos discutir no próximo tópico. 

OZONIOTERAPIA TEM VALIDAÇÃO CIENTÍFICA? 

Existem vários estudos sobre o tema ozonioterapia, dentre todos, os mais reconhecidos até 2021 foram 3 

Um deles, foi publicado em 2013 na revista International Journal of Ozone Therapy, este estudo investigou os efeitos da ozonioterapia em pacientes com fibromialgia. 

Os resultados sugeriram que a ozonioterapia pode proporcionar alívio da dor e melhorar a qualidade de vida em pacientes com essa condição. 

Outro estudo publicado em 2017 no Journal of Cancer Research and Therapeutics explorou a eficácia da ozonioterapia no tratamento de sangramento retal persistente em pacientes com câncer de próstata submetidos à radioterapia.  

Os resultados indicaram que a ozonioterapia pode ajudar a reduzir o sangramento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. 

E o terceiro mais reconhecido foi publicado em 2021 na revista Free Radical Biology and Medicine, este artigo discute a aplicação da ozonioterapia como tratamento adjuvante ao câncer.  

Ele revisa a literatura disponível até aquele momento e debate a necessidade de pesquisas adicionais para avaliar os efeitos da ozonioterapia em pacientes com câncer. 

Além de diversos outros estudos que tentam provar vários benefícios desse tratamento terapêutico 

Mas aqui existe um problema, na realidade, um grande problema, que é extremamente preocupante 

Existem muitas “provas” laboratoriais sobre o uso do ozônio, porém tem poucas pesquisas científicas que comprovem efetivamente a sua eficácia em seres humanos, têm alguns estudos em animais, mas não necessariamente o que funciona em animais funciona em humanos 

Além disso, grande parte das pesquisas tem uma amostragem muito pequena, amostragem é o número de participantes da pesquisa em questão 

Dessa forma, não tem como concluir com assertividade que o uso do ozônio é realmente eficaz para a nossa saúde através dessas pesquisas 

Todas as pesquisas em questão tem algo em comum, e existe um padrão, apesar delas apontaram que existem diversos benefícios da ozonioterapia, todas elas, sem exceção tem um resultado que pode ser questionado devido a metodologia aplicada, devido ao número de participantes da pesquisa, que é muito pequeno para garantir a eficácia e diversos outros fatores 

Por outro lado, o ozônio é muito pesquisado e validado para fazer higienização e matar bactérias, por esse motivo ele é usado para fazer a esterilização dos equipamentos usados pelos dentistas 

Mas esse uso é algo externo ao paciente, mas afinal de contas 

O QUE OS ÓRGÃOS REGULAMENTADORES FALAM SOBRE A OZONIOTERAPIA? 

Segundo o FDA, food e drug administration, o ozônio é um gás tóxico sem aplicação médica útil conhecida em terapia específica, adjuvante ou preventiva.  

Para que o ozônio seja eficaz como germicida, ele deve estar presente em uma concentração muito maior do que aquela que pode ser tolerada com segurança pelo homem e pelos animais. 

E não precisamos ir tão longe, aqui no Brasil, o CFM, conselho federal de medicina, de acordo com a Resolução CFM nº 2.181 de 2018 define a ozonioterapia como um procedimento que pode ser realizado apenas em caráter experimental.  

Isso implica que tratamentos médicos baseados nessa abordagem devem ser realizados apenas no escopo de estudos que observam critérios definidos pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). 

De qualquer forma, não é recomendado que você tome qualquer medida sem antes consultar o seu médico de confiança 

Agora, o que você achou dessa decisão do governo federal em aprovar o uso da ozonioterapia?

Perfil do Dr. Diogo Kalil no Linkedin: https://www.linkedin.com/in/diogo-kalil/

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